quarta-feira, 9 de junho de 2010

Irmã Dulce não dava mole

Acho que não existe ninguém na história contemporânea que me impressione mais do que Irmã Dulce. Eu a conheci quando, ainda na faculdade de Jornalismo, comecei a trabalhar na Tribuna da Bahia. Fui entrevistá-la não me lembro sobre o quê. Alguma matéria sem muita importância sobre coisas do cotidiano da cidade ou do seu trabalho de ajuda aos pobres.
Naquela época ela não era bem vista por todos. Alguns comerciantes a detestavam e a chamava de “ freira pidona”. “Me dê um dinheirinho para os meus pobrezinhos” criticavam imitando a sua voz fininha de pedinte. E foi pedindo a uns e a outros, vizinhos, comerciantes, depois  empresários e banqueiros que ela fez mais do que qualquer outra pessoa  pelos pobres na Bahia. Nunca ouvi falar sobre algo semelhante no Brasil. E no mundo, só Madre Teresa de Calcutá.
 O hospital que Irmã Dulce fundou num galinheiro, para onde levava os doentes que encontrava pelas ruas, se transformou, nos seus 77 anos de sacrifício e doação,  no mais importante hospital público da Bahia com leitos para 700 pacientes   e atendimento de alto nível ,  um ambulatório que faz 200 consultas diárias, além de um orfanato que acolhe mais de 300 crianças e adolescentes.
Sim, Irmã Dulce é minha ídola. Junto  com Simone de Beauvoir, Hannah Arendt, Clarice Lispector e outras mulheres e homens carismáticos que contribuíram para, de um jeito ou de outro, mudar para melhor o mundo em que viviam.
Alguns médicos também  falavam mal dela: “É uma carrasca”, “é mandona”,  “trata os médicos e enfermeiros como se fosse um capataz”.  Irmã Dulce não aliviava. Queria o melhor para os seus pobres. E exigia isso.  Morreu há 18 anos e foi sepultada hoje na Capela das Relíquias , após a exumação do seu corpo, em excelente estado de conservação, como parte do processo para sua beatificação. Tem gente que insinua que ela foi mumificada, que não é possível que seu corpo tenha se conservado do jeito que está naturalmente..
Mas, que importância tem isso? Irmã Dulce salvou da morte, da fome e da miséria milhares e milhares de pessoas num trabalho fabuloso de coragem, perseverança, determinação e sacrifício. Isso é santidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como diria Irmã Dulce "vou botar pra quebrar". Brincadeirinha. Ela é a maior
Jussara