segunda-feira, 20 de junho de 2011

Chico de Oliveira parodia Spielberg e diz que o Brasil está “De costas para o futuro”



O auditório da Reitoria da Universidade Federal Bahia ficou lotado na última sexta-feira (17.06) para ouvir a conferência de Francisco de Oliveira sobre “Política e Economia sob a Hegemonia às avessas” que encerrou o Encontro de São Lázaro, simpósio que comemorou os 70 anos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas trazendo para Salvador conferencistas e professores de pesos da área. No Encontro, além da realização de 12 mini-cursos, 450 pesquisadores apresentaram durante o evento, que ia diariamente das 8h às 17h, trabalhos selecionados compondo um painel rico e diversificado. Após cada jornada, os estudantes, professores, pesquisadores ou simplesmente interessados em aprender um pouco mais, seguia para a reitoria onde as conferências tiveram lugar às18h30.

O sociólogo Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira, mais conhecido como Chico de Oliveira, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, do alto dos seus quase 78 anos chegou avisando que estava ali para dar “cutucadas no poder”. Criticou a atual situação política brasileira, e, sem papas na língua, derrubou mitos e paradigmas. Deve ter sido um susto e tanto para alguns lulistas ouvi-lo dizer que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva não passa de um personagem construído pela esquerda que através dele viveu a utopia de Marx. Lula na opinião de Francisco promoveu uma hegemonia às avessas, ao realizar o programa do seu adversário, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

A Bolsa Família, o auxilio aos bancos e outras realizações do governo passado foram algumas das farpas lançada por Oliveira comparando os trabalhadores atuais aos pobres da época de São Francisco (o santo). Todos os programas dos governos federal, estadual e municipal têm como alvo, segundo afirmou, não mais os trabalhadores, e sim os pobres. Não sustentam as classes sociais em suas reivindicações e tratam agora de fazer caridade seja a nível público ou privado. Já todas as grandes instituições capitalistas, continuou Chico Oliveira, têm algum tipo de programa de auxilio à pobreza. Para ele, não há nenhum movimento  na sociedade para enfrentar essa maré comandada pelo governo e tentar transformar de novo numa pauta final dos direitos dos oprimidos. Oliveira comparou os dias atuais brasileiros ao filme de Spielberg “De volta para o futuro”, parodiando o título para “De costas para o futuro”. Sem nenhum tipo de regularização, o trabalhador brasileiro vive hoje, na sua opinião, um paraíso ou pesadelo que nenhum pensador, por mais obsceno que fosse, tenha pensado. Fernando Henrique Cardoso também não ficou de fora das críticas de Chico, para quem o colega sociólogo de príncipe virou sapo. E como ele acha que Lula seguiu o programa do adversário dá para se deduzir a idéia que Oliveira faz de FHC.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Eu não quero ser estrela, eu quero ter amigos



No dia que me perdi no céu, estava escuro... Era verão, fim dos anos 70, eu  uma jovem, tirada,  como se diz agora, morava  no Rio. Viajei para Porto Seguro com um grupo de amigos. Viagem em fusquinha, e acampamento no quintal de uma amiga. Praia, sol e pouca roupa. A ida para o Arraial da Ajuda e a idéia maluca de alguém de irmos pela praia andando pra Trancoso.  Treze quilômetros de caminhada. A praia limpa e vazia, topless e banhos de mar. As falésias, o sol, o mar azul. Enfim Trancoso. Bonitinha. Passeios, mais banhos de mar, comida caseira. A busca por um carro para voltar. Não tinha carro, não tinha estrada.Volta pela praia. Enquanto eu ansiava pela caminhada, meus amigos se divertiam em fim de tarde, numa lagoa cercada por mosquitos. Odeio mosquitos porque eles me adoram. Resolvi ir na frente. Sozinha. A noite me pegou no caminho. Pura escuridão. Nem luz, nem gente, nem nada. Só eu, areia, estrelas. Resolvi parar e esperar os outros, quieta, arrependida. Maldita idéia.
Deitei na areia e, de repente, o céu explodiu na minha frente. Eu era parte dos cosmos. Não havia luz, só a lua, as estrelas e eu. Eu não era mais eu, não era nada. Era alguma coisa solta no espaço. Fechei os olhos para não ver mas, de olhos fechados, eu era escuridão sem estrelas. O som, do silencio ressoava em meus ouvidos, e eu já estava quase em pânico, quando ouvi as vozes alegres dos meus amigos que se aproximavam, me chamando, me salvando.