terça-feira, 29 de junho de 2010

Meu Brasil pôrra

Lago Júnior  *

Passou
por mim
um carro
desavisado

Biiii, biiii, meu Brasil, pôrra!!!


E eu nem aí,
querendo um sentido de viver

E eles nem aí,
rindo,
babando,
assistindo gincana na tv


*Lago é jornalista


sábado, 26 de junho de 2010

Ainda na torcida pelo Brasil

De Socorro Araújo
 
Nos noticiários sobre as enchentes em Pernambuco e Alagoas, me chama atenção a firmeza e a determinação dessas pessoas, que perderam tudo, mas mantêm a altivez. Quando entrevistadas, dizem o que pensam, sem apelos dramáticos. Sabem que precisam lutar pra reconstruir o pouco que tinham e viram ser levado pelas águas. Me lembram o povo da minha Canudos, que também viu sua história afundar nas águas do Vaza-Barris. Esse povo de aparência frágil é guerreiro e vai reconstruir suas cidades devastadas. Vi relatos impressionantes, como o de um grupo de 50 quilombolas que foram resgatados depois de passar 18 horas em cima de duas jaqueiras. Vi relatos emocionantes, como o de um homem que estava feliz porque conseguiu salvar parte dos livros. Mas em todos, da Palmares do líder Zumbi, à Quebrangulo do escritor Graciliano Ramos, em todos os municípios de Alagoas e de Pernambuco atingidos pelas enchentes, é a solidariedade o que mais me emociona. Quem perdeu menos abriga quem perdeu tudo. Sim, têm os saqueadores, que se aproveitam pra roubar.  E os políticos sem caráter, que tentam se aproveitar da situação. Não acho que seja o caso de Lula. Ele sabe que podia estar entre os que estão desabrigados se ainda vivesse lá. Por isso foi aplaudido por onde passou. Aquela gente ainda acredita na boa fé do presidente. Ah! e tem a pior espécie, que é o especulador, os que querem ficar mais ricos se aproveitando da desgraça do outro. Mas eu sou canudense, sertaneja, nordestina e, principalmete, grande torcedora deste Brasil solidário, que vai vencer o brasil dos corruptos, dos ladrões e dos especuladores. Por isso, acho que devemos nos engajar nas campanhas de doações. Pra ajudar, neste momento, a derrotar os que estão vendendo velas, água e comida mais cara.  E como diz o poema de Jorge de Lima, um ilustre poeta nascido em União dos Palmares em 1893, com os poderes de Nosso Senhor Jesus Cristo, vai nascer tudo de novo.     
 
       Inverno
         Jorge de Lima

Zefa, chegou o inverno!
Formigas de asas e tanajuras! 
Chegou o inverno!
Lama e mais lama
chuva e mais chuva, Zefa! 
Vai nascer tudo, Zefa,
Vai haver verde, 
verde do bom, 
verde nos galhos, 
verde na terra, 
verde em ti, Zefa, 
que eu quero bem!
Formigas de asas e tanajuras! 
O rio cheio, 
barrigas cheias, 
mulheres cheias, Zefa! 
Águas nas locas, 
pitus gostosos, 
carás, cabojés, 
e chuva e mais chuva! 
Vai nascer tudo 
milho, feijão, 
até de novo 
teu coração, Zefa!
Formigas de asas e tanajuras! 
Chegou o inverno!
Chuva e mais chuva! 
Vai casar, tudo, 
moça e viúva!
Chegou o inverno 
Covas bem fundas 
pra enterrar cana:
cana caiana e flor de Cuba!
Terra tão mole 
que as enxadas 
nelas se afundam 
com olho e tudo!
Leite e mais leite 
pra requeijões!
Cargas de imbu!
Em junho o milho, 
milho e canjica 
pra São João!
E tudo isto, Zefa...
E mais gostoso 
que tudo isso: 
noites de frio, 
lá fora o escuro, 
lá fora a chuva, 
trovão, corisco, 
terras caídas, 
córgos gemendo, 
os caborés gemendo, 
os caborés piando, Zefa! 
Os cururus cantando, Zefa! 
Dentro da nossa 
casa de palha: 
carne de sol 
chia nas brasas, 
farinha d'água, 
café, cigarro, 
cachaça, Zefa... 
...rede gemendo...
Tempo gostoso!
Vai nascer tudo! 
Lá fora a chuva, 
chuva e mais chuva, 
trovão, corisco, 
terras caídas 
e vento e chuva, 
chuva e mais chuva! 
Mas tudo isso, Zefa, 
vamos dizer, 
só com os poderes 
de Jesus Cristo!

* Amiga que mantém a fé nas pessoas.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O INFERNO DE HULK

Ele não é verde, é castanho. E, ao contrário do monstro, ele é um doce o tempo todo. Meus amigos, que não gostam de animais, dizem que Hulk pensa que é um cachorro. Eu acho que ele pensa que é um Doberman. Não por que seja agressivo, mas porque tem a segurança dos fortes. Não ataca, não agride e ignora latidos ameaçadores quando passeamos, duas vêzes por dia, pela rua Alagoinhas. Pinscher número um, de apenas dois quilos, ele dá pouco trabalho. Fora as vacinas anuais, os remédios pra vermes e uma tartarotomia, ele só precisou ir duas ou tres vezes ao veterinário nesses 10 anos em que compartilhamos espaço e tempo.
Mas, se existe um mês que Hulk detesta, que fica estressado, com os nervos a flor da pele, esse mês é junho e essa ojeriza se explica pelo barulho dos fogos juninos que só faltam deixá-lo louco. Normalmente educado, ele se descontrola, late o tempo inteiro e faz xixi pela casa toda, a cada bomba ou traque que os meninos soltam nas ruas. Ainda bem que hoje é véspera de São João, o principal dia dos festejos,  amanhã acaba a folia e espero que ele possa se acalmar. Não aguento mais ser seguida por ele por todos os cantos da casa e de correr o risco de pisá-lo cada vez que me distraio. Sem falar no choro, à noite, na porta do meu quarto, me forçando a permitir a sua entrada direto para uma almofada que fica embaixo da minha cama. Isso quando não me assusto ao deitar e ver alguma coisa se mexendo dentro do meu travesseiro.
Tadinho de Hulk, tão gracinha. Este ano, o inferno vai durar mais tempo. Talvez até o dia 11 de julho se o Brasil se classificar para a final da Copa. Além do barulho dos fogos ainda tem o das vuvuzelas. Haja estresse, haja xixi.
Tadinho de Hulk, tão gracinha...Quando será que vão inventar tapa-ouvidos pra cachorro?

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Copa de Berna

Na Copa, da sala ao
corredor, passeio
feito aos sobressaltos,

tantos os gritos
explosões e fanhos
sopros de corneta.

Vesga a lua
de olhar o campo,
verde grama ao fundo,

e segue a luta:
disputa-se a bola
como se fosse o mundo!

(Poeminha da colega Bernadete Farias)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Hoje

O dia está lindo hoje.
Céu azul, mar azul, sol e brisa.
Estar presente.
É o presente.

domingo, 20 de junho de 2010

A noite fica para trás assim como as nuvens escuras.
A chuva que caiu limpou minha rua, levando as folhas e pedaços de flor do ipê amarelo.
No parabrisa do carro, as gotas d´água, iluminadas pelo sol morno, parecem brilhantes.
E eu fico pensando que seria ótimo ter brincos de gotas de chuva.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Da janela do buzu eu vejo o mundo



Tem gente que me olha com estranheza quando digo que,  de vez em quando, gosto de andar de ônibus. De ônibus, a gente vê coisas que não vê quando está dirigindo. Fora  as pessoas que se encontra, as conversas que se ouve,  pessoas,  coisas, acontecimentos....Não chega a ser uma tortura e é até divertido.  
No natal de 2003 num almoço para a imprensa, oferecido pela Salvatur,  ganhei em sorteio uma passagem para a Europa, com direito a acompanhante. Estava sem dinheiro para a viagem e meu carro só me dava problemas. Como se diz matei dois coelhos com uma cajadada só: vendi o carro e fiquei com dinheiro para viajar.  Fomos para  Portugal, eu e meu filho então um adolescente.  Adorei Lisboa, Fátima, Nazaré, o Porto. Foi bacana.
Volta. Meu filho passa no vestibular de faculdade paga: faculdade ou carro novo? Dois financiamentos  não dá. Tenho ojeriza a dívidas. Então, faculdade  e  buzu.  O eu ter que andar de ônibus deixava minhas amigas mais incomodadas do que eu. Uma delas, espírita como eu e que também estava no modo que, aqui em Salvador, chamamos vulgarmente de “paleta “ disse que estávamos em “resgate cármico”. Eu, como tenho certeza, que não fui lá flor que se cheirasse achei a pena justa. Me conformei  e  fiquei andando de onibus para cima e para baixo.  Foi um “resgate” até certo ponto divertido. Um ônibus é uma pequena mostra social da cidade. Quem anda de ônibus vê  e sabe mais do que quem anda de carro  que precisa estar sempre atento ao trânsito e aos pedestres. De ônibus a gente olha o céu, o chão, os entornos, as favelas, os buracos, beleza e feiúra. Sem falar na vida humana que os coletivos carregam. Geralmente, eu gosto de gente. E curto muita gente que anda nos ônibus, pessoas na maior parte das vezes espontâneas e engraçadas. Ouvi histórias ,casos,e presenciei situações muitas vezes inusitadas (inclusive, fui assaltada uma vez e o ladrão levou meu relógio,  o que me chateou porque era Gucci, e, que relevei depois porque, na verdade, era um relógio muito feio).
Lembrei dessas coisas porque quando vou ao centro da cidade prefiro ir de onibus para não pegar engarrafamento e não ter que ficar procurando lugar para estacionar, o que me estressa. Ontem, fiz isso. E resolvi que vou fazê-lo mais vezes. É uma forma de não perder o contato com a cidade e de ver pessoas encantadoras, bem do tipo nosso povo, nossa gente. Andar de ônibus não permite que a gente se aliene da realidade .
Mas, sem dúvida nenhuma, é preciso ter canja. Eu, felizmente, tenho.



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Conversas que filhos não podem escutar

Nunca fui boa na escolha de meus namorados. Minhas relações amorosas quase sempre foram problemáticas, por falta de afinidades ou até pela minha incapacidade de adaptação ao jeito padrão masculino de ser. Não estou reclamando: as coisas são como são e eu pude fazer minhas escolhas, tanto as boas quanto as más.



Porém, em compensação, sei escolher bem as minhas amigas. Além de saber que posso contar com elas em qualquer situação, elas me divertem. Quando começamos a conversar e por algum motivo falamos sobre algum período ou alguma época de nossas vidas sai cada história...Algumas cabeludas....Nosso slogan deveria ser "nem doidas nem santas, um pouquinho de cada uma".


Histórias que ainda nos surpreendem e que só se conta a amigas íntimas. Primeiro, porque dá vergonha contar para qualquer um; segundo, porque são histórias que mostram nossas fragilidades, erros, desacertos, e carências; terceiro porque fala de muitas coisas que fizemos e que gostaríamos que nossos filhos não fizessem.


Por outro lado, nessas rememorações sempre se dá muita gargalhada :”esta eu não conhecia”; “você é mais doida do que pensei”; “pelo amor de Deus, deleta da memória” e por aí vai.


Uma história impagável é a de uma amiga que namorou um doutor estrangeiro cheio de títulos e PHDs. Mas, além de impagável, a história que quase nos mata de rir é também para o nosso próprio bem ( afinal, dize-me com quem andas e te direi quem és) impublicável.


A propósito, sobre as   'garotas' da foto:  eu sou a  de maiô de florzinha.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Minhas amigas


 Dóris A. mandou pra mim um e-mail com slides do Palácio de Catarina da Rússia. Tão bonito, principalmente no seu interior, que foi quase insuportável vê-lo até o fim. Isso nunca tinha me ocorrido antes: O muito belo pode superar nossa capacidade de assimilação...Com o slide, o texto abaixo:


"Eu sou fã de Catarina .
Era na verdade prussiana, ou seja alemã .
Foi escolhida , pela imperatriz reinante na Rússia, Isabel, para se casar com seu sobrinho Pedro, futuro tzar , por ser sofisticada , muito culta , falava diversos idiomas e tocava muito bem piano e violino .
Foi esperta o suficiente para agradar Isabel, uma chata, e intrigante .
Aprendeu fácilmente e com perfeição russo, os costumes da corte russa e ainda se converteu a religião ortodoxa..
Casou-se com Pedro, um total idiota e despreparado , semi-analfabeto , e após a sua subida ao trono, vai fácilmente armar um golpe e derrubá-lo .
Mulher com muitos amantes, (dizem que nenhum de seus filhos era verdadeiramente filho de Pedro), Sempre fazia dos amantes aliados contra os que conspiravam contra sí . Mas nunca voltou a se casar.
Morreu de morte natural, coisa rara , para um governante russo e fez seu filho mais velho, Paulo seu sucessor .
Graças a ela a Rússia " engoliu "diversos áreas , tais como a Criméia , Bielo- Rússia , parte da Polônia, Ucrânia e etc ....
Vaidosa , teve ao que se sabe a maior coleção de jóias pertencente a uma só pessoa, em toda a história .
Parte dessas jóias foram vendidas por Stálin , no começo, da Segunda Guerra , para pagar a ajuda em equipamentos recebida dos EUA, que da URSS , exigiu pagamento adiantado .
Numa dessas entregas, o submarino foi atacado e afundou , no mar Báltico .
Recentemente foi descoberto por uma equipe inglesa, em frente da costa da Suécia, e ainda está rolando nos tribunais internacionais a briga entre a equipe , o governo russo, e a Suécia ( afundou em aguas terrotoriais suecas ), todos querendo o tesouro .
Mas apesar de tudo isso , mais de 60 % de suas jóias , pertecem, ainda hoje ao estado russo ".

Eu também sou fã de Catarina e de todas as mulheres que souberam se impor em tempos tão adversos ao feminino.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Irmã Dulce não dava mole

Acho que não existe ninguém na história contemporânea que me impressione mais do que Irmã Dulce. Eu a conheci quando, ainda na faculdade de Jornalismo, comecei a trabalhar na Tribuna da Bahia. Fui entrevistá-la não me lembro sobre o quê. Alguma matéria sem muita importância sobre coisas do cotidiano da cidade ou do seu trabalho de ajuda aos pobres.
Naquela época ela não era bem vista por todos. Alguns comerciantes a detestavam e a chamava de “ freira pidona”. “Me dê um dinheirinho para os meus pobrezinhos” criticavam imitando a sua voz fininha de pedinte. E foi pedindo a uns e a outros, vizinhos, comerciantes, depois  empresários e banqueiros que ela fez mais do que qualquer outra pessoa  pelos pobres na Bahia. Nunca ouvi falar sobre algo semelhante no Brasil. E no mundo, só Madre Teresa de Calcutá.
 O hospital que Irmã Dulce fundou num galinheiro, para onde levava os doentes que encontrava pelas ruas, se transformou, nos seus 77 anos de sacrifício e doação,  no mais importante hospital público da Bahia com leitos para 700 pacientes   e atendimento de alto nível ,  um ambulatório que faz 200 consultas diárias, além de um orfanato que acolhe mais de 300 crianças e adolescentes.
Sim, Irmã Dulce é minha ídola. Junto  com Simone de Beauvoir, Hannah Arendt, Clarice Lispector e outras mulheres e homens carismáticos que contribuíram para, de um jeito ou de outro, mudar para melhor o mundo em que viviam.
Alguns médicos também  falavam mal dela: “É uma carrasca”, “é mandona”,  “trata os médicos e enfermeiros como se fosse um capataz”.  Irmã Dulce não aliviava. Queria o melhor para os seus pobres. E exigia isso.  Morreu há 18 anos e foi sepultada hoje na Capela das Relíquias , após a exumação do seu corpo, em excelente estado de conservação, como parte do processo para sua beatificação. Tem gente que insinua que ela foi mumificada, que não é possível que seu corpo tenha se conservado do jeito que está naturalmente..
Mas, que importância tem isso? Irmã Dulce salvou da morte, da fome e da miséria milhares e milhares de pessoas num trabalho fabuloso de coragem, perseverança, determinação e sacrifício. Isso é santidade.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Eu não estou censurando nem moderando comentários. Eu, simplesmente, não sei ainda como fazer isso.
Juro! A culpa é de Cássio Brito, amigo do meu filho, que não concluiu o trabalho voluntarissimo a que se propôs.
Viu Cássio?

sábado, 5 de junho de 2010

Lilith

É mais fácil falar o que se pensa do que o que se sente.
Eu sabia disso, mas hoje isso pulou na minha frente como uma bola gigante.
Não deixei de escrever esse tempo todo por falta de assunto.
Deixei de escrever por autocensura.
Não tinha nada bonitinho que eu quisesse dizer.
E eu não queria escrever sobre o que, na verdade, é só o que desperta meu interesse: angústia, insatisfação,obscuridade, coisas feias e sombrias. Meu lado negro, meu lado eu, meu lado que não se censura e que diz tudo o que pensa, e, que por isso,ofende e magoa.
Protejo os outros de mim mesma- outros que podem não sentir ou não ligar- e protejo a mim mesma da culpa de provocar dor ou sofrimento. Não sou boazinha.Pelo menos, não o tempo todo.Eu sou mazinha. É tão bom ser mazinha. Porque eu não consigo ser mazinha en paz? Porque não posso ferir, chatear, destruir?
Por que não me dou esse direito?


É muito estranho ser uma pessoa em  sua integridade.
É doentio tentar não sê-lo.
Não sei o que fazer.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eu e Quincas Berro d´Água


Há cerca de seis anos eu estava passeando em Portugal e entrei num supermercado, em Cascaes, quando uma moça puxou conversa comigo. Falamos sobre os preços altos. Ela era moçambicana e tinha voltado para o país depois que a colonia se tornou independente. Eu disse que era brasileira e ao contar, que da Bahia, ela exclamou encantada: “bela terra”. Voce a conhece? pergunto  surpresa, e  ela  “sim dos livros de Jorge Amado”.
Vez ou outra penso na importância que Jorge Amado teve para a mitificação da Bahia como a terra de alegria de um povo bem humorado, criativo e irreverente.

E às vezes me pergunto se isso é uma mitificação ou realmente a Bahia é assim. Confesso que me inclino a achar que sim, que mais do que um ficcionista, ele foi uma espécie de sociólogo, antropólogo, alguém que captou como nenhum outro a essência da terra e do seu povo.
Fui assistir ao filme Quincas Berro d´ Água, baseado no seu romance do mesmo nome. Tantos anos morando em Salvador e ainda a vejo com os olhos de um cego. Por que dizem que o amor é cego e eu acredito. O fime, como bem comentou uma amiga, deixoa uma sensação de que falta ou que sobra alguma coisa. Mas eu, como os apaixonados, cegos, presto atenção no que quero prestar: na paisagem, no mar, na ingenuidade astuciosa dos personagens. E me divirto, como me divirto de verdade, quando ando pelas ruas desta cidade. Para mim, andar em Salvador ainda é fazer turismo. Tudo ou me encanta ou me irrita. Nada me deixa indiferente. O Pelourinho, onde trabalhei vários anos como assessora do Ipac, é exatamente aquilo ali: bêbados, mendigos,prostitutas,moradores, comerciantes,  gente comum. Vários quincas,  terezas,  rosas, vadinhos. ..
Não,  não é um mito. É a alma captada. Uma terra com um povo de
 primeira e governantes de quinta(sei que há exceções) .
Não me conformo com a sujeira, calçadas quebradas, e gente dormindo nas ruas. E penso que isso, sim, está sobrando. É over, super over. Não suporto.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Coraçõएस e almas


"Siga o conselho do seu próprio coração,
porque mais do que este
ninguém será fiel a você.
A alma do Homem
freqüentemente o avisa
melhor do que sete sentinelas
colocadas em lugar alto".
Eclesiástico, 37.13