domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma tarde de Natal em Salvador



O dia amanheceu meio nublado ontem, mas o calor estava infernal . Bom para ir à praia. À tarde, ligo para algumas amigas. “Porto, dia de feriado??? maluca “ “É natal,dia das pessoas ficarem no aconchego dos seus lares, comendo restos de peru e tomando vinho”, argumento. “A praia deve estar tranqüila”.

Marco com uma amiga antropóloga, dou carona a outra, jornalista, que avisa vai dar “só um mergulho” .”Meu Deus, o que é isso? Uma praia de Tóquio? Será que vamos encontrar um metro quadrado para as nossas cadeiras?”, digo assustada ao ver aquele monte de guarda-sol e a praia literalmente entupida. “Quem sai na chuva é pra se molhar”, filosofa minha amiga. Encontramos um lugarzinho e montamos barraca. Famílias inteiras, famílias laterais, gays, lésbicas, o pessoal da periferia, pagodeiros, grávidas, mulheres ,obviamente, da chamada vida fácil (que deve ser difícil pra burro), turistas, crianças, alguns frequentadores da praia que conheço há pelo menos um quarto de século, cada qual no seu cada qual, em pacífica convivência.

Brinco com o filho de uma outra amiga e pergunto se ele já montou um tubarão, me referindo às bóias em forma de bichos usadas pela garotada. Ele diz que não. Sugiro:”vá pedir à sua mãe” e ele , conformado, do alto dos seus seis anos ”Ela não gosta de gastar dinheiro”.... Cadê Joli com sua sunguinha de crochê?

O odor de queijo coalho frito misturado com o cheiro de baseado é insuportável, quase tão ruim quanto o barulho promovido por um “ sem noção” que botou o som bem alto e abriu o porta-malas do carro. Isso, sim, é que é de dar nos nervos. Desejei tanta coisa ruim pro cara que fiquei assustyada e retirei todos os meus maus pensamentos, não por bondade, mas por medo que meus desejos voltassem pra mim. Deve ter sido castigo: um grupo de moças ao nosso lado toca violão e canta mal músicas de boa cepa  na areia quente, sol de torrar e maré subindo quase chegando às nossas cadeiras. É de enlouquecer. Falamos mal doos políticos que aumentaram seus salários, do ministério de Dilma(nunca na história deste país um presidente conseguiu reunir tantos ministros sem qualificação),  principalmente o senhor do Ministério do Turismo Sexual. Do lado um dos vendedores da praia, que usa o regador de plantas para pegar água e molhar os pés da clientela, dá massagem num banhista, super-sério, sentado em uma cadeira....”Isso aqui tá é bom. Já tem até massagista” ironiza Olivinha.

A água tá chegando perto, um vendedor de coco me chama de tia, lembro de uma amiga que já se foi e do que ela diria: ”Tia, o car...... . Mas, eu sou uma quase lady e me limito a olhá-lo de cima pra baixo. Ele entendeu.  “Vamos embora”? A amiga antropóloga, que detesta multidão, quer ficar para ver o por do sol. Sem chances. Essa praia hoje tá muito demais. Vamos embora, enfim, concordamos. E eu  fico pensando o que diria o futuro ex-ministro de Comunicação Franklin Martins que os coleguinhas chamam de ex- jornalista Provavelmente algo como  “Isso é um excesso de democracia “... Rimos. E lembro de Fernando Pessoa : “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.










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