terça-feira, 3 de maio de 2011

De ônibus, a gente vê é coisa...

Estou andando de ônibus por causa da tal síndrome do túnel do carpo (DORT) nas duas mãos..Se o sistema daqui de Salvador não fosse essa m.... dava até pra curtir. Acontece muita coisa interessante.
Na ida, no ponto de ônibus havia uma deficiente mental (a vero) de macacão de florzinha e os seios quase de fora. Devia ter uns 30 e alguns anos. Ou menos. Percebi o olhar demente e passei ao largo, enquanto ela agarrava o braço de uma moça e pedia para ela não abandoná-la. "Não sou Mariane", dizia a moça que veio ficar perto de mim.
A mulher veio também e parou na minha frente, e ficou parada. Perguntou se eu era Marianne.Eu disse que não e comecei a conversar com ela que só falava frases desconexas. Perguntei onde morava e ela conseguiu dizer Periperi. Perguntou se eu era mãe dela, eu disse que não...
A impressão que dava era que alguém a colocou num carro ou ônibus e a abandonou lá.Pode ser fantasia minha, mas depois que o sistema criou os Caps para obrigar familias de doentes mentais a cuidarem deles (sem condição financeira ou técnica para isso) e acabou com os sanatórios, naquelas brilhantes ideias que só prestam na teoria, tudo é possível. Ela disse que estava com fome e eu a encaminhei para uma padaria...Quase que eu largo ela na frente da Itapoan, no programa de Varela.
Na volta, três adolescentes, com idade em torno de 17 anos, fardados, falavam alto, e naturalmente, sobre os roubos cometidos por um amigo e por eles também nos supermercados.Geralmente de sandálias, camisinhas, e chocolates numa prática que aparentemente era frequente. Falavam também nas vezes em que foram parados pela policia e tudo isso num tom de vantagem. Fiquei chocada com a naturalidade deles e depois de muito tentar me controlar bati meu leque num deles(sim,eu estava de leque; não posso andar com um ar condicionado na cabeça) .
"Olha, vs ficam fazendo besteira depois tomam um tiro e deixam a mãe chorando. Dentro de algum tempo- continuei- no Brasil só vai ter velho porque os meninos da idade de vs estão todos morrendo". Eles me olharam com cara de poucos amigos, mas eu acho que o sermão de alguma maneira os impressionou porque  começaram a repetir que só iam morrer quando "Deus quisesse"...
Embora fossem meninos de bairros pobres eles estudavam e certamente tinham família. Mas, roubar ,parecia ser a coisa mais natural do mundo...
Que triste.

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