segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O outro, lá ele....

Semana passada, um assalto às 3 horas da tarde tirou a rua Alagoinhas da sua costumeira modorra. Ouvi um alarido, alguém chorando, pensei que era brincadeira dos meninos. Fui  à janela, vi o burburinho e desci para saber o que havia acontecido. Uma moradora ia estacionando o carro-um Corsa sedã- na frente do prédio quando um homem surgiu do "nada" arrancou-a do volante, jogou-a no chão, entrou no carro, jogou fora uma chave que tinha na mão e foi embora.
As pessoas se solidarizaram com a garota e os relatos sobre o assalto continuaram pelo resto do dia, e no outro também. O assaltante tinha estacionado um Fiesta atrás do carro da vítima (a chave que ele jogou fora era do veículo), saltou pegou o carro dela e se mandou. "O carro tinha seguro" informou um funcionário da área como se isso  fosse tranquilizar os moradores locais. Uma coisa tão banal...
Dias depois, passeando com meu cachorro, vi passando uma senhora que  tinha assistido ao assalto e que da minha janela eu vira dando informações ao vizinho. Perguntei: não foi a senhora que estava aqui na rua no dia do assalto? Ela disse que sim e começamos a conversar. Ela contou que ia subindo a rua com outras quatro pessoas quando ocorreu o roubo.
Perplexa, disse que nunca pensou quem "um de nós" fosse assaltante. Um de nós?, repeti perplexa. "Sim, um homem que ia subindo ao mesmo tempo que eu e as outras pessoas",confirmou.  O tal do "um de nós" me revolveu o estômago. Um de nós, não, pensei agastada, para logo em seguida ter um choque mental.
Não é que ela tem tazão? O sujeito é um de nós. Os traficantes, criminosos, ladrões, corruptos,mendigos, bêbados, junkies, fracassados, ricos, pobres, gente boa gente má, todos eles  não são o Outro. Eles são - com toda certeza- Um de Nós.
E agora?

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