quinta-feira, 2 de junho de 2011

Eu não quero ser estrela, eu quero ter amigos



No dia que me perdi no céu, estava escuro... Era verão, fim dos anos 70, eu  uma jovem, tirada,  como se diz agora, morava  no Rio. Viajei para Porto Seguro com um grupo de amigos. Viagem em fusquinha, e acampamento no quintal de uma amiga. Praia, sol e pouca roupa. A ida para o Arraial da Ajuda e a idéia maluca de alguém de irmos pela praia andando pra Trancoso.  Treze quilômetros de caminhada. A praia limpa e vazia, topless e banhos de mar. As falésias, o sol, o mar azul. Enfim Trancoso. Bonitinha. Passeios, mais banhos de mar, comida caseira. A busca por um carro para voltar. Não tinha carro, não tinha estrada.Volta pela praia. Enquanto eu ansiava pela caminhada, meus amigos se divertiam em fim de tarde, numa lagoa cercada por mosquitos. Odeio mosquitos porque eles me adoram. Resolvi ir na frente. Sozinha. A noite me pegou no caminho. Pura escuridão. Nem luz, nem gente, nem nada. Só eu, areia, estrelas. Resolvi parar e esperar os outros, quieta, arrependida. Maldita idéia.
Deitei na areia e, de repente, o céu explodiu na minha frente. Eu era parte dos cosmos. Não havia luz, só a lua, as estrelas e eu. Eu não era mais eu, não era nada. Era alguma coisa solta no espaço. Fechei os olhos para não ver mas, de olhos fechados, eu era escuridão sem estrelas. O som, do silencio ressoava em meus ouvidos, e eu já estava quase em pânico, quando ouvi as vozes alegres dos meus amigos que se aproximavam, me chamando, me salvando.

Um comentário:

Ulisses Pavinič disse...

É nesses momentos que nós experimentamos a verdade num lampejo, assim como num encontro de particulas subatômicas liberando energia. Extraímos do mais profundo da nossa consciência, do intimo da nossa alma, a nossa insignificância, a pequenez do ser, ao mesmo tempo sentimos a grandeza de Deus e a infinitude do universo.

Seis.