quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Minha pulguinha e o ministro




Aqueles que insistem em afirmar que o controle da mídia, pelo governo, visa apenas a forma e não o conteúdo não vêem, ou fingem não ver, as entrelinhas desse lero lero. O futuro ex-ministro da Comunicação Social do governo Lula, Franklin Martins, voltou a criticar a imprensa em entrevista concedida anteontem à TV NBR. Segundo Franklin Martins os jornais “ não têm muita boa vontade com o governo”.
A nota publicada hoje na página de política do jornal A Tarde diz ainda: -Martins fez referência a manchetes de jornal na época do lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida.”Nós já sabíamos que os grandes jornais, que não têm muita boa vontade com o governo, iam fazer uma cobertura para encontrar algum grande problema no programa”, disse.

O senhor Franklin Martins, que esqueceu que já foi jornalista antes de virar ministro, esqueceu que também é função da imprensa encontrar os problemas e divulgá-los? Ou a imprensa só pode puxar o saco do governo, como também sempre fez a grande mídia ( a pequena nem se fala) ?

Com tantas críticas feitas à imprensa pelo governo, inclusive pelo presidente Lula, quem é que vai engolir essa lorota de que não haverá interferência no que pode e no que não pode ser publicado, em detrimento do direito do público à informação? Se, mesmo com as “críticas” da imprensa, Lula sai do governo com quase 90% de aprovação o que querem os novos- tanto quanto quiseram os velhos- donos do poder? Que os governantes passem a fazer parte da Santíssima Trindade?

Algumas vezes ao se referir à posição do Brasil, internacionalmente, alguns diplomatas disseram que o brasileiro tem complexo de cachorro vira-lata. Com todo respeito aos cachorros vira-latas, muitas vezes mais inteligentes e leais que os cães de pedigree, quem vê o brasileiro assim é a elite que Está no poder. Todas elas. Cachorros que não podem, nem devem latir, e sim apenas abanar o rabo e lamber as mãos de quem os acaricia ou maltrata.

Me bata uma garapa, minha gente..... A minha pulga está bem instalada atrás da minha orelha, e  vai continuar lá.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma tarde de Natal em Salvador



O dia amanheceu meio nublado ontem, mas o calor estava infernal . Bom para ir à praia. À tarde, ligo para algumas amigas. “Porto, dia de feriado??? maluca “ “É natal,dia das pessoas ficarem no aconchego dos seus lares, comendo restos de peru e tomando vinho”, argumento. “A praia deve estar tranqüila”.

Marco com uma amiga antropóloga, dou carona a outra, jornalista, que avisa vai dar “só um mergulho” .”Meu Deus, o que é isso? Uma praia de Tóquio? Será que vamos encontrar um metro quadrado para as nossas cadeiras?”, digo assustada ao ver aquele monte de guarda-sol e a praia literalmente entupida. “Quem sai na chuva é pra se molhar”, filosofa minha amiga. Encontramos um lugarzinho e montamos barraca. Famílias inteiras, famílias laterais, gays, lésbicas, o pessoal da periferia, pagodeiros, grávidas, mulheres ,obviamente, da chamada vida fácil (que deve ser difícil pra burro), turistas, crianças, alguns frequentadores da praia que conheço há pelo menos um quarto de século, cada qual no seu cada qual, em pacífica convivência.

Brinco com o filho de uma outra amiga e pergunto se ele já montou um tubarão, me referindo às bóias em forma de bichos usadas pela garotada. Ele diz que não. Sugiro:”vá pedir à sua mãe” e ele , conformado, do alto dos seus seis anos ”Ela não gosta de gastar dinheiro”.... Cadê Joli com sua sunguinha de crochê?

O odor de queijo coalho frito misturado com o cheiro de baseado é insuportável, quase tão ruim quanto o barulho promovido por um “ sem noção” que botou o som bem alto e abriu o porta-malas do carro. Isso, sim, é que é de dar nos nervos. Desejei tanta coisa ruim pro cara que fiquei assustyada e retirei todos os meus maus pensamentos, não por bondade, mas por medo que meus desejos voltassem pra mim. Deve ter sido castigo: um grupo de moças ao nosso lado toca violão e canta mal músicas de boa cepa  na areia quente, sol de torrar e maré subindo quase chegando às nossas cadeiras. É de enlouquecer. Falamos mal doos políticos que aumentaram seus salários, do ministério de Dilma(nunca na história deste país um presidente conseguiu reunir tantos ministros sem qualificação),  principalmente o senhor do Ministério do Turismo Sexual. Do lado um dos vendedores da praia, que usa o regador de plantas para pegar água e molhar os pés da clientela, dá massagem num banhista, super-sério, sentado em uma cadeira....”Isso aqui tá é bom. Já tem até massagista” ironiza Olivinha.

A água tá chegando perto, um vendedor de coco me chama de tia, lembro de uma amiga que já se foi e do que ela diria: ”Tia, o car...... . Mas, eu sou uma quase lady e me limito a olhá-lo de cima pra baixo. Ele entendeu.  “Vamos embora”? A amiga antropóloga, que detesta multidão, quer ficar para ver o por do sol. Sem chances. Essa praia hoje tá muito demais. Vamos embora, enfim, concordamos. E eu  fico pensando o que diria o futuro ex-ministro de Comunicação Franklin Martins que os coleguinhas chamam de ex- jornalista Provavelmente algo como  “Isso é um excesso de democracia “... Rimos. E lembro de Fernando Pessoa : “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.










quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Quando o adeus é inesperado dói mais.....

O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.

– Fernando Pessoa



Ontem à noite, ao chegar em casa voltando de um evento cultural no TCA vi Erick , filho de Dóris Pinheiro, minha vizinha, sozinho em pé na calçada do prédio onde mora. Baixei o vidro do carro e perguntei:”Erick, o que você está fazendo aí sozinho?” para logo em seguida ver o pai  dele, Fábio, que se aproximou de mim e disse: D. Lourdes faleceu. E eu:”quueem?" Ele: D. Lourdes. D. Lourdes, avó de Erick, mãe de Dóris, minha colega de profissão e de Roberto, meu colega no Científico, no Manoel Devoto." Ela estava doente?" "Não foi um enfarto".
Que coisa horrível são as surpresas. Detesto surpresas. Não gosto nem das boas porque podem ocorrer em uma hora que eu não esteja pronta. Imagino a dor dos filhos e de Erick.
Conheci D. Lourdes quando adolescente e costumávamos ir de vez em quando às casas dos colegas.  Lembro-me de tê-la vista esta semana da varanda do meu apartamento - nossos prédios ficam na mesma rua, em lados opostos, de frente um para o outro. Acenamos uma para a outra. Sempre nos saudávamos assim, ou rasgávamos seda mutuamente quando nos encontrávamos na rua, vindas da padaria, do mercado, da praia.

Dóris, arrasada, rosto inchado de chorar... O que dizer numa situação dessas? Fico sem saber o que falar, não quero repetir frases clichês. Mas o que falar então? Da minha pena? Como eu detesto mortes de uma hora pra outra? Do medo que tenho de perdas inesperadas??? Talvez as frases clichês sejam clichês, justamente, por serem as melhores a serem ditas nesses casos. Confortam, aliviam, mas não consigo. Não pareceriam sinceras. O que dizer?  Que temo o dia em que minha mãe se for, e que a sinto cada dia mais vulnerável ?Que me preocupo quando fala ao telefone de dores que nunca passam? "Quando minha mãe se for vai ser o caos; meus irmãos nunca estarão preparados. Às vezes penso em conversar com ela para se preparar,  e nos preparar para quando elafa ltar. Mas sei que ficaria furiosa, não entenderia a provavelmente deixaria de falar comigo por uns tempos..Diria que eu estou agourando e que ela podia viver mais do que eu. De fato, pode mesmo. O problema não é esse. Sinto que é preciso preparara as pessoas que dependem dela- e são muitas- para a sua ausência, como eu preparo meu filho, que espero deixar forte e senhor de si.

Dóris chora, chora e me emociono. “Como vou viver sem minha mãe”?, ela pergunta...Quem sou eu para saber a resposta???? Descobrir isso fará parte do seu aprendizado, até que a dor fique mais distante e que reste apenas a saudade.

Dizer que dona Lourdes era uma pessoa boa e que, certamente, será recebida pelos seus entes queridos que já se foram? Será que isso diminui a dor da perda? Acho que não. Não sei o que dizer. O que espero é que dona Lourdes seja recebida pelos anjos ( que precisam existir) e que eles a guardem e a protejam na divina luz.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Salve a Rainha dos Raios

Ó Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e
que a violência dos furacões, fazei com que os raios não me atinjam,
os trovões não me assusteme o troar dos canhões não
me abalem a coragem e a bravura.
Ficai sempre ao meu lado para que eu possa enfrentar, de fronte erguida e rosto sereno, todas as tempestades e batalhas da minha vida...
Para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido possa agradecer a vós,minha protetora e render Graças à Deus, criador do céu e da Terra, da natureza; este Deus que tem o poder de dominar o futuro das tempestades e abrandar a crueldade das guerras.
 Santa Bárbara, rogai por nós”

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Polícia vigiando polícia... É para rir ou para chorar?

Li ontem no UOL ou no G1, não tenho certeza, que a Secretaria de Segurança Pública do Rio vai colocar uma câmera no Morro do Alemão para vigiar os policiais. São muitas as queixas de abuso de autoridade, de extorsão,e até de casos de violência contra os moradores do lugar.

Estou perplexa. Não com o fato da polícia precisar vigiar a própria polícia, mas da notícia não ter me causado nenhuma surpresa, nem indignação. Acho, inclusive, que esta é uma boa medida, desde que o motorista da moto onde a câmera será instalada e vai transmitir em tempo real, não seja corporativista e não se intimide com os colegas, o que é praticamente impossível.

Ontem, um repórter do jornal Tribuna da Bahia foi preso enquanto trabalhava e levado para a delegacia por “desacato à autoridade”. Simplesmente ele bateu com as mãos num carro da policia para chamar a atenção da motorista e evitar atropelos, já que havia gente atrás. Como ele pediu cuidado, os policiais que estavam na área o prenderam como desacato à autoridade. Ele foi ameaçado e tachado de “inimigo da polícia”( toda a policia).

O verdadeiro crime, muitas vezes, consiste em se dar autoridade a quem não sabe e não está preparado para usá-la, daí as inúmeras arbitrariedades e abusos que vemos por ai. Estou chocada? Nem um pingo. Triste? Também não. Eu fico profundamente irritada com essas coisas: o fato da gente precisar policiar a polícia.

Mas, o que se esperar de pessoas que não na maioria das vezes, cresceram sem educação e estrutura familiar que lhes passassem os valores que regem (muito teoricamente, é verdade) a sociedade em que vivemos.

Queremos uma polícia séria e responsável? Queremos evitar que crianças e jovens se tornem marginais? Só tem um jeito: educação. Mas, falar em educação já está ficando batido demais. Queremos resultados. Onde está essa propalada educação. No fim do arco-íris? Afinal, os policiais, assim como os bandidos, quase sempre tiveram o mesmo tipo de criação e viveram nos mesmos ambientes. Eles são nós. Nós somos eles. Não dá para ficar criticando o país, nem os brasileiros o tempo todo. Afinal, quem somos nós? ETs (às vezes me acho)? Estamos acima do bem e do mal? Precisamos ungir alguém para que nos salve? Nessa última eleição ficou claro que sim. Precisamos de alguém a quem atribuir toda a responsabilidade e o compromisso que é nosso.

Não sei nem porque estou escrevendo isso. Talvez para deixar algumas pessoas chateadas como eu estou. Eu gosto de compartilhar com meus amigos as coisas boas e as coisas ruins. Estou morta de raiva Pelo Rio e por nosso repórter. Ponto.